As previsões econômicas para o ano de 2015 não são nada animadoras. O cenário que enfrentamos em 2014, em que a atividade industrial enfrentou forte queda nas vendas, tende a se repetir. O governo não sinaliza a adoção de nenhuma medida capaz de reverter este quadro, pelo contrário, deverá aumentar impostos e dificultar ainda mais a performance das organizações.
Mais uma vez, as empresas deverão dedicar esforços redobrados para prosperar em meio ao caos. Uma estratégia chave da qual nenhuma organização pode se dar ao luxo de abrir mão é a da inserção da sustentabilidade em suas operações. Este valor deixa de ser uma tendência, e a sua incorporação pelas empresas passa a ser crucial para garantir a perenidade.
Muitos gestores ainda têm um conceito simplório de sustentabilidade. Pensam que sustentabilidade se restringe à preservação do meio ambiente, por meio da gestão de resíduos sólidos, efluentes líquidos ou gases de efeito estufa, bem como da adoção de processos industriais mais limpos ou consumo de matérias primas e insumos “ecológicos”.
Sem dúvida, sustentabilidade engloba tudo isso, mas é muito mais. Os aspectos ambientais são um dos três pilares principais do conceito da sustentabilidade, juntamente com os aspectos sociais e econômicos. Ser sustentável é gerenciar a organização de forma a manter o equilíbrio entre esses três valores. Não deve ser um profissional ou um setor isolado dentro da empresa, mas sim uma filosofia de gestão, compartilhada por todos os profissionais.
Quantas empresas nós vimos perder valor de mercado, ainda que temporariamente, em decorrência do envolvimento em casos de trabalho em condições análogas a de escravo? Quantas empresas nós vimos desaparecer do mercado, por ter os seus produtos tornados obsoletos por novas tecnologias desenvolvidas por seus concorrentes, e até organizações que sequer do mesmo segmento de atividade são?
Inserir a sustentabilidade nas organizações significa que toda e qualquer decisão a ser tomada deve buscar harmonizar seus reflexos de natureza econômica, social e ambiental. Essas perspectivas devem ser interpretadas com o enfoque de alcançar a perpetuidade da organização, sua continuidade ao longo das mais diversas gerações, indiferentemente de quem forem seus líderes e dos cenários econômicos que enfrentar.
2015 é o ano da sustentabilidade. É o ano de buscar fazer mais com menos. É tempo de valorizar os ativos humanos, e de internalizar os custos sociais e ambientais de nossas operações, compensando-os com a geração de valor à marca que as práticas sustentáveis oferecem. Em 2015, devemos seguir nos reinventando continuamente, desapegando das velhas formas de fazer negócios, para usufruir de um oceano azul de novas oportunidades.
Elias da Silveira NetonAdvogado, especializado em Direito Ambiental pela UFRGSnnDiretor da Ecovalor Consultoria em Sustentabilidade