As mulheres Yarang, aldeia indígena localizada próxima ao rio Xingu, no Mato Grosso, fazem um verdadeiro trabalho de formiguinha – gradual, coletivo e incessante -, causando um impacto positivo gigantesco no reflorestamento e na manutenção das nascentes dos rios Xingu e Araguaia, que se estendem por todo o território mato-grossense.
Assim como as famosas formigas cortadeiras, as mulheres do povo indígena Ikpeng se unem para coletar centenas de milhares de sementes de uma só vez, que posteriormente utilizam para reflorestar vastas áreas degradadas.
Elas conduzem seu trabalho cientes dos resultados que o trabalho constante e coletivo pode proporcionar. Trata-se de um movimento liderado apenas e tão somente por mulheres, para corrigir o estrago da ação do ‘homem branco’ – que já produziu, em 10 anos, mais de 3,2 toneladas de sementes, e possibilitou a plantação de mais de 1 milhão de árvores.
“Os brancos, responsáveis pelo desmatamento, não tem mais onde coletar sementes. Então, usam nossa semente para fazer a floresta de novo”, diz Koré Ikpeng, uma das mulheres Yarang.
O povo Ikpeng é formado por cerca de 500 pessoas e vive dentro do território do Xingu. Eles falam a língua Karib. Em sua cultura, as mulheres também ocupam lugares de liderança, andando “ao lado dos homens – nem à frente, nem atrás”, dizem.
O reflorestamento gradual conduzido com dedicação pelas mulheres Yarang visa recuperar as 22.500 nascentes nas cabeceiras do Rio Xingu e os mais de 150 mil hectares de mata que já estão degradados.
Foto: Mulheres em dança na festa pelos 10 anos do projeto.
“É preciso ensinar o valor das sementes, o valor das florestas”, diz Magaró Ikpeng. “É preciso garantir que meus netos e netas vão ter futuro.”
Fonte: CicloVivo