As últimas negociações na Cúpula do Clima das Nações Unidas em Varsóvia (COP19), nesta sexta-feira, aplainaram o caminho rumo a um acordo global em 2015, embora os países em vias de desenvolvimento continuem pedindo aos mais desenvolvidos que concretizem seus compromissos de financiamento.
A cúpula, que deveria terminar hoje, deve ser prolongada até amanhã, sábado, caso as partes não consigam chegar a acordos mínimos que permitam estabelecer os fundamentos de um compromisso para 2015, ponto essencial para avançar na luta contra a mudança climática.
Após a última rodada de negociações mantida pelos ministros, que varou a madrugada, chegou-se a minuta sobre os acordos da Plataforma de Durban. A Agência Efe teve acesso ao documento, que pela primeira vez inclui a palavra “compromisso” e estabelece uma proposta de calendário de trabalho.
Fontes diplomáticas consultadas pela Efe avaliaram este documento, que também pede que os esforços sejam redobrados para que na próxima conferência de Lima de 2014 (COP20) se possam discutir de maneira detalhada esses compromissos para finalmente fechar o acordo em Paris, em 2015.
Antes da elaboração desse texto várias das delegações criticaram a falta de avanços e acusaram a presidência polonesa de demorar nas negociações sobre a Plataforma de Durban ao não incluir compromissos nem calendários concretos.
A Plataforma de Durban é o nome do conjunto de acordos alcançados na cúpula realizada na cidade sul-africana em 2011, e inclui um segundo período do Protocolo de Kyoto, o mecanismo que deve reger o Fundo Verde para o Clima e um roteiro para um novo acordo global.
Uma das questões-chave na cúpula de Varsóvia, o financiamento de medidas contra a mudança climática e de adaptação e redução de danos provocados pelas anomalias climáticas, segue dividindo os países mais desenvolvidos dos em vias de desenvolvimento.
“Até agora só há declarações que não desembocam em compromissos concretos”, explicou a ministra do Meio Ambiente do Equador, Lorena Tapia, em entrevista à Efe.
O otimismo dos países em vias de desenvolvimento diante dos avanços alcançados até o momento é menor e ainda não se vê passos decisivos do bloco de países mais ricos.
“As negociações estão travadas”, disse a ministra equatoriana, que acredita que essa lentidão pode ser uma estratégia dos países desenvolvidos para levar os negociadores ao cansaço até que finalmente aceitem qualquer compromisso.
Após ressaltar a importância de pactuar metas em “adaptação, mitigação e transferência de tecnologias”, Tapia insistiu que “nada é possível se não se concretizar o financiamento”.
A nova minuta, a quarta versão que os ministros presentes na COP19 têm na mesa, pede “acelerar” a plena aplicação das decisões do chamado Plano de Ação de Bali (2007), que prevê a continuidade do Protocolo de Kyoto, em particular em relação com a provisão de meios para sua implentação nos países em desenvolvimento.
Fonte: Terra Sustentabilidade (http://goo.gl/Z1IhbM)