Nas décadas passadas, à medida que as preocupações com as mudanças climáticas e a degradação do meio ambiente aumentaram, juntamente com a ocorrência de escândalos corporativos e uma crescente demanda por maior responsabilidade social, a discussão sobre a relevância do desenvolvimento sustentável ganhou terreno. Foi nesse contexto que a sigla “ESG” (ambiental, social e governança) surgiu, refletindo um reconhecimento crescente da interdependência entre as ações das empresas e o impacto que elas exercem sobre o mundo que as cerca. Essa perspectiva contrasta de maneira significativa com a ênfase anterior, conhecida como “business as usual”, que quase exclusivamente priorizava os aspectos econômicos.
Um marco fundamental nessa trajetória foi a publicação do relatório “Who Cares Wins”, em 2004, realizado pelo Pacto Global das Nações Unidas em colaboração com o Banco Mundial. Esse relatório surgiu a partir de uma provocação do então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, direcionada a diversos CEOs de instituições financeiras relevantes. O objetivo foi impulsionar e conscientizar as corporações a incorporar práticas sustentáveis e responsáveis dentro dos negócios.
Além desse marco, em 2006 ocorreu o lançamento dos Princípios para o Investimento Responsável (PRI), promovendo a integração de critérios ESG nas decisões de investimento. Bem como, a Agenda 2030 com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com 17 metas interconectadas visando abordar desafios globais até 2030, como pobreza, desigualdade, mudança climática e justiça. E, o Acordo de Paris, ratificado em 2015, que impulsionou práticas ambientais nas estratégias corporativas, com o objetivo de combater as mudanças climáticas e limitar o aumento da temperatura global.
Desde então, a conscientização sobre essas questões tem crescido significativamente, influenciando os objetivos, estratégias e investimentos das empresas. Isso, por sua vez, tem levado essas empresas a alcançarem resultados mais favoráveis a longo prazo, beneficiando todos os stakeholders. No livro “Let My People Go Surfing” do empreendedor Yvon Chouinard, fundador da Patagonia, são apresentados inúmeros exemplos das práticas ESG que a empresa incorpora. Essas práticas, por sua vez, resultam em benefícios como a fidelização dos clientes, fortalecimento da reputação da marca, destaque no mercado e maior engajamento dos funcionários.
Segundo Rebecca, professora de Harvard, existe uma disposição por parte dos consumidores para pagar um valor adicional por produtos e serviços que sejam mais sustentáveis. Um exemplo que ela aborda é a Unilever, que possui um crescimento anual representativo, demonstrando que ao investir em práticas mais responsáveis, a empresa conseguiu melhorar sua eficiência operacional, reduzir riscos, impulsionar a inovação e expandir sua atuação para mercados sustentáveis.
Pesquisas internacionais apontam que empresas que investem em ESG, podem reduzir o aumento das despesas, impactando positivamente os lucros operacionais em até 60%. Além disso, índices como o MSCI revelam que empresas líderes globalmente em sustentabilidade e governança estão apresentando um desempenho elevado em comparação a outras empresas.
Essa abordagem empresarial gera não apenas benefícios intangíveis, mas também impulsiona vantagens concretas, fortalecendo a resiliência das empresas em um cenário global extremamente competitivo. Investir em práticas ESG, portanto, representa não somente uma escolha ética, mas também uma estratégia inteligente para conquistar prosperidade a longo prazo, aumentar a reputação da marca, aumentar o retorno financeiro, reduzir custos, atrair consumidores conscientes, que cada vez aumentam, e assegurar uma posição sólida no mercado global.