Com o intuito de mostrar o comprometimento das instituições financeiras com questões ambientais, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) encomendou um levantamento para revelar o total de crédito que o sistema financeiro aplica em setores que fazem parte da chamada “economia verde”. Em 2014, um saldo de R$ 153,4 bilhões em financiamentos foram direcionados para setores como energias renováveis, pesca, agricultura e construção sustentáveis e tratamento de lixo, entre outros.
O valor corresponde a 9,6% do total de operações de crédito corporativo feitas no ano passado e diz respeito aos nove maiores bancos do país. Em 2013, esse estoque era de R$ 123,7 milhões. Os números foram apresentados em evento em São Paulo, ontem.
“A Febraban tem atuado para aperfeiçoar mecanismos que permitam a melhor avaliação dos riscos ambientais”, disse o presidente da Febraban, Murilo Portugal, completando que há um “desejo do setor bancário de incorporar a economia verde em suas operações”.
A pesquisa também mostrou o tamanho da exposição dos bancos a setores que tem um maior potencial de risco ao meio ambiente. São setores como frigoríficos e agricultura, carvão, petróleo, infraestrutura, mineração e outros. O saldo emprestado para tais segmentos em 2014 era de R$ 533 bilhões, 33,2% do total de crédito corporativo. Em 2013, esse valor era de R$ 471,2 bilhões.
A federação dos bancos também vai custear uma parte do projeto que criará mapas georeferenciais para o acompanhamento de mais de 5 milhões de propriedades rurais, o chamado Cadastro Ambiental Rural (CAR). A Febraban vai investir R$ 2 milhões no sistema, orçado em R$ 6,4 milhões. “A partir de maio de 2017, só propriedades inscritas nesse cadastro poderão receber empréstimos do sistema financeiro nacional”, disse Portugal.
A obrigação de emprestar apenas para propriedades rurais cadastradas foi estipulada pelo Banco Central, que também lançou, no ano passado, a Resolução 4.327, que obriga os bancos a, entre outras coisas, estabelecer e publicar uma política socioambiental para concessão de crédito.
O Itaú Unibanco mostrou alguns resultados práticos dessas políticas. O banco adotou uma espécie de “lista restrita” de setores que passam por um escrutínio maior sob a ótica socioambiental antes de terem operações de créditos aprovadas. Entre eles estão desde armas de fogo até frigoríficos.
“A lista restrita começou pequena, mas tem crescido”, disse Claudia Politanski, vice-presidente do banco para jurídico. “É necessário ter cuidado para que as regras estimulem a boa ação, sem prejudicar o desenvolvimento econômico”, diz. “A atitude dos bancos com relação à responsabilidade socioambiental mudou de forma dramática de 30 anos para cá.”
“Em decorrência de legislação ambiental mais rigorosa, as variáveis sociais e ambientais passaram a ser condição na realização dos negócios”, afirmou o diretor de Relacionamento Institucional e Cidadania do BC, Luiz Edson Feltrim.
Fonte: GS Notícias (http://goo.gl/v4GM38)