A Câmara de Guarujá, no litoral de São Paulo, criou uma comissão parlamentar para apurar as responsabilidades com relação ao incêndio em um terminal de cargas do município. O trabalho do Corpo de Bombeiros foi completamente finalizado na tarde do dia 16 de janeiro.
De acordo com os vereadores, o objetivo da comissão é assegurar a punição aos culpados e evitar novos acidentes semelhantes.
Os legisladores municipais afirmam que desde o incêndio que durou nove dias em um terminal do bairro Alemoa, em Santos, no ano passado, existe uma preocupação com relação as ações de prevenção a acidentes. Porém, não houve nenhum parecer dos órgãos públicos.
O grupo de vereadores que irá compor a comissão será definido após o recesso parlamentar, no início de fevereiro.
Fim dos trabalhosnnO incêndio terminou 37 horas após o vazamento de gás ter ocorrido no distrito de Vicente de Carvalho. As chamas acabaram depois de o Corpo de Bombeiros ter começado a abrir os últimos contêineres em chamas para lançar água em seu interior.
A informação foi confirmada pelo comandante do Corpo de Bombeiros, Eduardo Nocetti Holms. “Agora, nós iremos fazer a desmobilização das equipes. Os trabalhos foram concluídos”, disse.
Durante os trabalhos, 22 bombeiros e 4 brigadistas tiveram complicações por conta do incêndio. Três bombeiros tiveram de ser atendidos na Santa Casa de Santos. Todos foram liberados.
As autoridades se reuniram no dia 16 de janeiro para decretar o encerramento do gabinete de crise, que envolve diversos órgãos do setor público. A conclusão do gabinete foi definida após os órgãos chegarem a um consenso de que a situação de momento é tranquila, e os moradores da região estão seguros.
InvestigaçãonnOs órgãos, que atuam no incêndio que atingiu o terminal de cargas da Localfrio, continuam os trabalhos para identificar os gases que foram lançados na atmosfera por causa do acidente.
Enedir Rodrigues, engenheiro da Cetesb, explica que as investigações continuam. “Não tem como falar, neste momento, quais foram os produtos. Temos a relação dos produtos fornecida pela empresa e ainda iremos checar essa situação. É cedo para falar quais eram os produtos”, disse.
Entenda o que aconteceun– Choveu forte na região no Porto de Santosnn– Alguma estrutura nos contêineres do pátio de armazenamento provavelmente cedeunn– A água da chuva entrou em contato com uma carga de um produto à base de cloro (ácido dicloro isocianúrico de sódio)nn– Da reação química, surgiram focos de incêndio e a nuvem tóxicann– A fumaça causa irritações de pele e de olhos e, caso seja inalada, também nos pulmões
Combate a incêndiosnnNa manhã desta sexta-feira, os bombeiros informaram que entre 20 a 25 conteineres foram atingidos pelas chamas.
O trabalho foi feito por várias equipes que se dividem para resfriar o conjunto de conteineres e também atuavam no combate individual em cada um deles. Os bombeiros utilizaram 23 viaturas, um navio e um rebocador para captar a água do mar no combate ao incêndio.
Cidades atingidasnnVárias áreas do complexo portuário precisaram ser evacuadas. A fumaça rapidamente se espalhou pela cidade de Guarujá e fotos registradas por moradores mostravam a Avenida Santos Dummont, a principal do município, coberta por uma névoa.
Por volta das 22h de quinta-feira (14), a fumaça já tinha se espalhado pelas cidades de Guarujá, Santos e São Vicente e invadido várias casas ocasionando problemas respiratórios nos moradores.
A fumaça também invadiu o Pronto Socorro de Vicente de Carvalho. Os pacientes que estavam internados foram transferidos, juntamente com as equipes e ambulâncias, para a UPA Boa Esperança, na Rua Alvaro Leão de Carmelo, onde a Secretaria de Saúde de Guarujá afirmou que os pacientes terão tratamento especializado.
Efeitos da fumaçannAs pessoas atendidas apresentaram ardência nos olhos ou mal-estar ocasionado pela fumaça. Apesar do transtorno, as vítimas não correm risco de morte.
Segundo Flavio Zambrone, médico toxicologista e professor aposentado da Unicamp, “esse produto é extremamente tóxico”. Ele produz irritações de pele e de olhos e, caso seja inalado, causa irritação também nos pulmões.
“É um produto à base de cloro. Ele é estável, mas tem alto teor de cloro, que se dissolve na água. Por isso, outro problema será a questão ambiental que virá depois”. Segundo o professor, o produto é usado na maioria das vezes em desinfecção de água, mas em grandes quantidades passa a ser tóxico.
Vários moradores recorreram a equipamentos de proteção. “As máscaras acabaram nos postos e nas farmácias. Consegui pegar uma das últimas. Tem muita gente passando mal por causa da fumaça”, afirmou a doméstica Maria Rita.
O engenheiro Felipe Pavan, de 27 anos, que trabalhava na Santos Brasil no momento do acidente, conta que ninguém entendeu o que estava acontecendo quando o produto começou a vazar.
“Fomos orientados a ir ao local de resgate. O problema é que estava tudo tomado por fumaça. Depois orientaram a sairmos por outra área. Nos disseram que era amônia e nitro álcool. Nunca tinha visto uma emergência dessas”, disse.
Áreas evacuadasnnPor conta do vazamento, a orientação era para que as pessoas que moram em um raio de até 100 metros próximo ao local procurassem a casa de amigos ou parentes.
A evacuação foi pedida pela prefeita de Guarujá, Maria Antonieta de Brito (PMDB).
“A situação é grave. Quem está nos quarteirões próximos ao local deve deixar as casas imediatamente. Os moradores precisam ir para a casa dos vizinhos e ficar longe do local da explosão. Quem estiver em casa, a orientação é pegar panos secos e colocar nas portas e janelas. Não saiam de casa. Se o morador se sentir mal deve procurar a UPA imediatamente. Cuidado com a chuva, porque ela contém elementos químicos e pode queimar a pele”, afirmou a prefeita.
A assessoria de imprensa da Dersa, empresa responsável pelas travessias entre Santos e Guarujá, afirmou que a travessia de pedestres entre Vicente de Carvalho e a Praça da República foi temporariamente suspensa no final da tarde do dia 14 de janeiro , por conta do acidente, mas foi liberada cerca de uma hora depois.
Fonte: G1 (http://goo.gl/ibJKYg)