Esse material tem como objetivo auxiliar as organizações que iniciaram ou planejam iniciar um processo de implementação de estratégias ESG e de sustentabilidade a engajar e estruturar seus comitês de forma a gerar valor com essa importante ferramenta para a agenda.
Com esse conteúdo, esperamos que seja possível captar insights valiosos para que seu comitê de sustentabilidade tenha máxima produtividade e com isso auxilie sua organização rumo às melhores práticas de sustentabilidade corporativa e ESG.
O que é um Comitê de Sustentabilidade Corporativa?
É um grupo formado dentro de uma organização para desenvolver e implementar estratégias e políticas sustentáveis. Composto por membros de diversas áreas e níveis hierárquicos, seu principal objetivo é reduzir riscos ESG e aproveitar oportunidades relacionadas à sustentabilidade.
Os comitês de sustentabilidade têm ganhado notoriedade dentro das empresas, principalmente nos últimos anos diante dos desafios das organizações em manter-se alinhadas com as práticas ESG esperadas, pois os movimentos globais indicam um aumento no interesse por divulgações de informações relacionadas a sustentabilidade de empresas.
Desafios Comuns dos Comitês de Sustentabilidade
Os comitês de sustentabilidade, em sua maioria, enfrentam vários desafios. Esses obstáculos refletem a complexidade das questões de sustentabilidade e os ambientes empresariais em constante mudança. Abaixo estão alguns dos principais:
Resistência à Mudança:
Implementar práticas sustentáveis muitas vezes requer mudanças e adoção de novos hábitos, culturas e políticas. Essas mudanças podem encontrar resistência por aqueles acostumados com métodos antigos e que temem a mudança na rotina de trabalho.
Falta de Recursos:
A falta de recursos financeiros e de apoio da alta administração pode representar um grande desafio. Muitas vezes, os comitês de sustentabilidade enfrentam restrições orçamentárias que limitam sua capacidade de implementar iniciativas sustentáveis com uma escala significativa. Sem um comprometimento claro e a disponibilidade de recursos necessários, tona-se difícil alcançar progressos.
Integração da Sustentabilidade:
Frequentemente, os esforços de sustentabilidade são vistos como responsabilidade exclusiva do comitê designado, em vez de serem incorporados às operações diárias de cada departamento. Isso pode resultar em lacunas na implementação de práticas sustentáveis, causando um processo custoso e ineficiente.
Mensuração do Progresso:
A mensuração e o acompanhamento do progresso também representam um desafio para os comitês de sustentabilidade. Avaliar o impacto das iniciativas sustentáveis e comunicar os resultados de forma eficaz são essenciais para demonstrar o valor dessas ações à empresa e à comunidade. No entanto, medir o impacto positivo gerado pelas atividades do comitê pode ser complexo e exigir recursos adicionais.
Engajamento dos Stakeholders:
A falta de conscientização e engajamento por parte dos stakeholders internos e externos pode representar um desafio significativo para os comitês de sustentabilidade. Sem o apoio e a participação ativa de funcionários, fornecedores, clientes e comunidades locais, torna-se difícil implementar mudanças significativas e sustentáveis dentro da empresa.
Como Constituir um Comitê de Sustentabilidade Corporativa
A criação de um comitê de sustentabilidade é um passo estratégico fundamental para integrar práticas sustentáveis nas operações diárias e garantir que a empresa esteja alinhada com os princípios ESG (ambientais, sociais e de governança). Listamos 4 dicas para estruturar um grupo eficaz e que realmente faça a diferença:
Regimento:
Os comitês precisam ter regimentos, que contem com regras claras de participação, com determinação de uma pessoa responsável pelo grupo e ainda de medidas claras de substituição de membros em caso de descumprimento das regras estabelecidas.
KPIs:
Os comitês, por mais que sejam atividades adicionais à base dos membros, também precisam de acompanhamento de performance, portanto, a determinação de indicadores chave (desde que alinhados com os participantes) auxilia na construção de um resultado efetivo.
Delimitação de participantes:
Outro ponto importante a ser considerado é a delimitação máxima de participantes. Em comitês que contam com quantidades muito grandes de membros as discussões passam a devagar e junto com elas, os resultados tendem a não ser efeitos. Para comitês que contem com mais de dez membros efetivos, sugere-se que exista uma subdivisão de estratégias para que as reuniões sejam mais eficientes e rápidas.
Áreas de baixa colaboração:
Assim como na essência da materialidade o objetivo é que temas críticos sejam mitigados ao ponto de não mais serem apontados nas análises da organização, também nos comitês, espera-se que alguns setores participantes do processo em determinado momento deixem de contribuir e nesse contexto, o processo natural dos comitês deve substituir esses participantes por outros que gerem contribuição mais efetiva.
Foco no pensamento sustentável:
Outro fator importante que precisa estar claro nas atribuições do comitê de sustentabilidade das organizações é que o seu objetivo está diretamente relacionado à construção do pensamento sustentável dentro da organização. Nesse contexto, o papel evangelizador do comitê em treinar, orientar, explicitar e focar seus esforços em levar esse entendimento aos colaboradores é primordial aos membros do comitê, visando evoluir a maturidade do pensamento sustentável na organização.
Como Engajar um Comitê de Sustentabilidade Corporativa
Um dos erros comuns nas empresas é que a estratégia ESG e de sustentabilidade seja conduzida em uma área específica ou em sua alta administração e depois o comitê seja responsável por definir as ações diante daquele contexto a partir de então. Esse problema, envolve não somente o fato de as empresas definirem estratégias vistas apenas por um ponto de vista, mas também a falta de pertencimento dos membros do comitê que podem contribuir de forma bastante efetiva no processo de construção da agenda.
Desenvolvimento Coletivo de Políticas:
Incluir o comitê na construção da política de sustentabilidade da organização aumenta o senso de pertencimento e responsabilidade. Quando os membros do comitê participam do desenvolvimento das políticas, eles se tornam guardiões de suas próprias ideias e crenças, o que fomenta a busca pelo cumprimento dos objetivos estabelecidos.
Construção da Materialidade:
A participação direta do comitê na construção da materialidade da empresa é primordial. O processo de desenvolvimento da materialidade empresarial é a construção do mapa estratégico ESG da organização. Com o intuito de proteger a reputação e o resultado financeiro da empresa, o processo de materialidade auxilia a organização a direcionar ações ligadas à temas importantes no ponto de vista das partes interessadas internas e externas e que sejam relacionados a questões ambientais, sociais e de governança corporativa.
Participação em Atividades e Eventos:
Quando a organização estrutura atividades de envolvimento com outras partes interessadas, estando o comitê responsável pela gestão dessas atividades o torna participante direto, relacionando sua ação tanto ao ônus quanto ao bônus do resultado, gerando diretamente maior interesse em entregas de valor agregado positivo.
Desenvolvimento Profissional:
O fomento de atividades de desenvolvimento profissional para o comitê também auxilia e muito nesse engajamento. A promoção de workshops, oficinas e treinamentos para a equipe do comitê demonstra diferenciação em seus conhecimentos e com isso os torna diretamente interessados na participação e colaboração com os resultados.
Case de Sucesso: Grupo Conceito
Por mais que saibamos que existem diversas culturas empresariais e que seu impacto aos comitês de sustentabilidade é muito significante, o uso de estratégias eficientes para a construção do comitê de sustentabilidade pode minimizar as variáveis e torná-lo altamente eficiente.
Um exemplo que podemos trazer para demonstrar o quanto essa efetividade é possível, está no Grupo Conceito, empresa de oferta de serviços do ramo do agronegócio instalada no sudoeste Goiano.
A empresa que fornece serviços de tratamento de sementes, produtos para melhoria de produtividade, armazém para grãos e outras soluções agrícolas, desde o ano de 2023 inseriu a temática ESG dentro de sua estratégia corporativa, visando gerar ganhos reputacionais e blindar sua imagem com o suporte das melhores práticas em ESG.
Com esse contexto, a organização formatou um comitê de sustentabilidade, responsável por deliberar decisões relacionadas às práticas ESG e ainda fomentar o desenvolvimento da prática dentro da organização.
Com ações que vão desde a construção da materialidade da empresa até a estruturação de práticas de ética e compliance, o comitê da empresa reúne-se de forma efetiva e periódica, discutindo, implementando e fomentando ações que focam seus esforços na materialidade da empresa.
Após um ano, é possível verificar a solidificação do comitê da empresa, que cumpriu com todas as demandas definidas e vem adicionando a cada nova reunião temas importantes para acelerar a estratégia da empresa e tornar o grupo em uma potência não somente visando o resultado econômico, mas também o equilibro com a temática ESG.
Para quem desejar conhecer um pouco mais sobre a estrutura do comitê ESG do Grupo Conceito, sugerimos uma visita ao seu site e a verificação das suas práticas e compromissos de sustentabilidade.
Conclusão
Como vimos, a construção do comitê de sustentabilidade em uma organização pode ser um processo desafiador.
Desde a idealização do comitê, definição dos membros, formatação de regimentos e estruturação de seu funcionamento, é importante que haja por parte da organização um pensamento crítico que relacione o engajamento dos membros à de fato o objetivo esperado como resultado de suas ações.
Vale lembrar ainda, que os comitês têm papel consultivo e por vezes investigativo, mas que não é o responsável pela operacionalização das atividades de sustentabilidade a serem definidas nos departamentos empresariais.
Não somente por não ser atribuição do comitê, mas também pela importância da participação ativa dos departamentos, a execução depende do envolvimento de todos na organização, portanto, um comitê que executa tudo pode até estar engajado, mas em compensação trabalha sem o suporte das áreas operacionais da empresa.
Nesse contexto, podemos observar que um comitê de sustentabilidade tem o papel de desenvolver estruturas sólidas nas empresas, fortificar a cultura interna, organizar ações aleatórias e transformar o pensamento interno em uma direção que esteja relacionada diretamente à tomar decisões ambientalmente corretas, socialmente justas e economicamente viáveis.
Para saber mais como implementar o ESG na sua empresa, entre em contato com os especialistas da Ecovalor.
Texto por Luiz Goi, Consultor ESG Sênior.