A eletrificação dos setores de transporte, edifícios e indústrias na Europa pode reduzir em 60% as emissões de gases de efeito estufa até 2050. A conclusão faz parte de um novo relatório publicado pela BloombergNEF (BNEF), divulgado dia 11 de fevereiro. Escrito em parceria com a Eaton e a Statkraft, intitulado “Setor de acoplamento na Europa: alimentando a descarbonização” aponta que esse caminho pode ocorrer através de uma mistura de alterações classificadas de diretas e indiretas.
A primeira envolveria a proliferação de veículos elétricos no máximo possível do setor de transportes e a expansão de sistemas de aquecimento elétrico, como bombas de calor em edifícios e em algumas partes da indústria. Já a indireta refere-se a uma mudança para o “hidrogênio verde” – produzido por eletrólise usando eletricidade renovável – como combustível para fornecer calor aos edifícios e ao maior número de processos industriais possível, que, de outro modo, dependeriam de combustíveis fósseis.
Apesar desse cenário, serão necessárias ações dos formuladores de políticas para que essas mudanças ocorram, avalia a BNEF. Entre as sugestões estão a introdução de incentivos ou requisitos para reduzir as emissões do aquecimento do edifício, apoiar projetos de demonstração para eletrificação e eliminar barreiras à produção de hidrogênio verde. Também devem considerar como envolver os consumidores de energia e a sociedade civil nesse processo, pois eles têm um papel crucial a desempenhar na habilitação da eletrificação desses novos setores.
Além disso, lembra Albert Cheung, chefe de análise do BNEF, eletrificar outras áreas da economia terá repercussões significativas para o sistema de energia. Segundo ele, os formuladores de políticas terão que apoiar o reforço e a extensão da rede para lidar com volumes mais altos de energia e mais fontes de energia renováveis, além da implantação de baterias e outras fontes de flexibilidade para equilibrar o sistema.
Potência e flexibilidade
No relatório, a BNEF estima que o sistema de energia possa precisar de 75% a mais de capacidade de geração até 2050, em comparação com o que seria necessário sem o acoplamento adicional do setor, com usinas eólicas e solares de baixo custo compreendendo a maior parte disso. O sistema de energia também precisaria ser mais flexível devido aos diferentes padrões de consumo de energia de aquecimento e transporte. Ao mesmo tempo, os setores recém-eletrificados poderiam criar novas fontes dessa ‘flexibilidade’ alterando seus padrões de consumo desde que as políticas e tecnologias corretas estejam em vigor.
Esse caminho de eletrificação permitiria que a energia (direta e indiretamente) respondesse por até 60% da demanda final de energia por esses setores, em comparação com os atuais 10%. Isso ainda estaria longe de descarbonização total para esses setores. Isso se deve às várias atividades difíceis de reduzir, incluindo aviação, transporte marítimo, transporte rodoviário de longo curso e processos industriais de alta temperatura, como cimento e aço, além dos longos ciclos de substituição de alguns ativos.
Será importante atender à demanda adicional de energia com fontes limpas, tanto quanto possível, para maximizar os benefícios climáticos da eletrificação. Para o analista, será crucial que governos e reguladores adotem um projeto de mercado de eletricidade que permita aos desenvolvedores de projetos eólicos e solares, e aqueles que planejam instalações de armazenamento de baterias ou serviços de resposta da demanda, antecipar o nível de retorno que justifica seu investimento.
Fonte: Canal Energia