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Governança Hídrica: por que a nova regulação da ANA muda o jogo para empresas brasileiras

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Governança Hídrica: por que a nova regulação da ANA muda o jogo para empresas brasileiras

Você já parou para pensar no quanto sua empresa depende da água? E não estou falando apenas daquela que sai da torneira. A água está por trás de processos industriais, agrícolas, logísticos e até do consumo energético. E, agora, mais do que nunca, ela entra definitivamente no radar estratégico das empresas e por uma razão simples: está sendo regulada com mais rigor.

Com a conclusão da Agenda Regulatória 2022–2024, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) coloca o Brasil em uma nova fase da gestão hídrica. E isso traz oportunidades e obrigações que nenhuma organização pode ignorar.

Mais do que escassez: estamos falando de regulação, risco e reputação

Se você acompanha temas como ESG, mudanças climáticas e sustentabilidade, já percebeu que os recursos naturais estão deixando de ser apenas insumos para se tornarem variáveis estratégicas de negócio. No caso da água, esse movimento ganhou estrutura legal. A ANA, a partir do novo marco legal do saneamento (Lei nº 14.026/2020), assume o papel de definir normas de referência para o setor, com foco na eficiência, qualidade e sustentabilidade.

Mas o que isso significa na prática? Significa que o jeito como sua empresa capta, consome, trata e se relaciona com a água precisa mudar rápido.

O que está mudando com a regulação da ANA?

A nova fase regulatória traz uma série de medidas que impactam diretamente tanto empresas fornecedoras de serviços (como concessionárias de água e esgoto), quanto organizações que dependem intensamente de recursos hídricos. Entre os principais avanços, podemos destacar:

💧 Uso eficiente e sustentável da água

As empresas terão que demonstrar responsabilidade na forma como utilizam esse recurso. Práticas como reuso, captação consciente, redução de perdas e investimentos em tecnologias de baixo consumo não serão mais apenas diferenciais serão exigências.

📊 Padronização de indicadores

A ANA estabelece agora um conjunto de indicadores nacionais de desempenho para os serviços de saneamento e uso da água. Isso significa que haverá critérios comuns para medir eficiência, cobertura e qualidade e os dados estarão disponíveis para comparação.

📋 Normas técnicas unificadas

Essa uniformização traz mais segurança para contratos, parcerias e investimentos no setor. Mas também exige adequações por parte de quem presta ou depende desses serviços, sobretudo em relação à conformidade legal.

🔍 Monitoramento ativo de desempenho

A ANA também orienta sobre como acompanhar a performance de prestadores de serviços. Isso impacta diretamente empresas que contratam esses serviços ou operam em regiões de bacias críticas, pois haverá maior cobrança por resultados e transparência.

Por que tudo isso importa para a sua empresa?

Porque água agora é risco regulatório e reputacional. E como todo risco, pode ser mitigado — ou ignorado, com consequências graves.

Organizações de setores como alimentos e bebidas, mineração, agroindústria, papel e celulose ou químico-industrial estão especialmente expostas. Não só pelo volume que consomem, mas pelo impacto que causam nas regiões onde atuam. E acredite: os olhos da regulação e da sociedade estão cada vez mais atentos a isso.

Empresas que falharem em se adaptar podem enfrentar:

  • sanções e embargos legais;
  • aumento de custos operacionais;
  • perda de licenças ou concessões públicas;
  • desgaste com consumidores e investidores;
  • exclusão de cadeias globais que exigem rastreabilidade e sustentabilidade.

E onde entram os clientes e o ESG?

Aqui está a virada de chave. A água não é só uma questão de eficiência. É uma questão de confiança.

Clientes estão cada vez mais exigentes e conscientes. Eles querem saber de onde vêm os produtos que consomem, como são produzidos, e que tipo de impacto causam. E isso vale tanto para consumidores finais quanto para grandes empresas compradoras, fundos de investimento e instituições financeiras.

Integrar a governança hídrica à estratégia ESG é um passo inteligente e necessário. Significa mostrar que sua empresa pensa no longo prazo, assume compromissos reais e opera com responsabilidade ambiental.

A pergunta final: sua empresa está preparada?

A conclusão da agenda regulatória da ANA é mais do que um documento técnico. Ela representa uma mudança profunda na relação entre empresas, sociedade e água.

Empresas que se anteciparem, que entenderem essa agenda como uma alavanca de inovação e posicionamento estratégico, estarão à frente. E não só porque cumprem a lei, mas porque estarão mais preparadas para os desafios climáticos, para a pressão dos stakeholders e para um mercado onde a sustentabilidade deixou de ser discurso e passou a ser critério de escolha.

O momento de agir é agora. Porque a governança da água será, cada vez mais, a governança do futuro.