Existe uma demanda quase insaciável por green bonds no mercado internacional. E a América Latina é considerada como uma região com o maior potencial para emissão desse tipo de papel, disse Thatyanne Gasparotto, Head of Latin America da Climate Bonds Initiative (CBI). Para o emissor, a grande vantagem é a captação de recursos financeiros a custos menores quando comparados com os tradicionais títulos de dívidas. “Isso é traduzido de forma pragmática no excesso de demanda, que passa de 4,5 vezes no mercado internacional”, afirmou a especialista.
A CBI é uma instituição criada para fomentar o mercado global de dívida para soluções de baixo carbono. Com sede em Londres, atua em três frentes com representações no mundo todo. A entidade é responsável pela definição de critérios e da taxonomia para fins de rotulagem de títulos de dívida verde para o mercado de capitais. A CBI também trabalha no desenvolvimento de mercado de títulos verdes em todos os países do mundo, bem como fornece dados de mercado e performance desses títulos.
Segundo Gasparotto, o mercado de títulos verdes é relativamente novo, próximo de completar 10 anos. Em 2012, era um mercado de US$ 2,5 bilhões e hoje está em quase US$ 200 bilhões no mundo. No Brasil, a primeira emissão aconteceu em 2015 e hoje o país já se aproxima da marca de US$ 6 bilhões degreen bonds emitidos tanto no mercado doméstico como internacional. O México foi o primeiro país a emitir títulos verdes na região, mas hoje o Brasil é o maior mercado da América Latina, seguido pelo Chile e Colômbia.
“O que a gente tem visto são várias iniciativas surgindo ao mesmo tempo em vários países. O que demonstra que esse potencial da América Latina está se traduzindo em ações concretas”, disse Gasparotto em entrevista para a Agência CanalEnergia.
O green bond é uma operação de emissão de dívida ‘rotulada’ como ambientalmente sustentável. O recurso que é captado é utilizado em projetos que contribuem para evitar o aquecimento global. O setor elétrico é responsável por 1/3 dos recursos captados via green bond.
Para o comprador, o green bond se apresenta com um título de dívida mais transparente, pois o ativo passa por uma verificação de um terceiro que vai certificar o papel e validar a estrutura financeira do emissor. Diversos investidores internacionais buscam esse tipo de papel para diversificar a carteira, alocando recursos em projetos sustentáveis, seja para mitigar riscos físicos (por conta do efeito das mudanças climáticas), seja para mitigar riscos regulatórios/político (por conta de uma mudança na regulação que provoque desinvestimento em determinados setores).
Fonte: Canal Energia