A geração distribuída (produção de eletricidade no local de consumo com equipamentos, como, por exemplo, painéis fotovoltaicos) já verifica um crescimento acelerado em residências e comércios. No entanto, o próximo passo, que significará um salto para esse segmento, é o investimento nessa área por parte das indústrias.
O presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), Carlos Evangelista, enfatiza que o setor industrial tem uma capacidade de investimento maior do que as outras classes. Assim, é natural que quando uma empresa de maior porte implementa um sistema de geração distribuída, corresponda ao investimento feito por várias pequenas companhias. “Hoje, o tíquete médio da instalação solar-fotovoltaica é de 7 kW, isso nem arranha para uma indústria, que vai fazer algo a partir de 200 kW a mil kW”, afirma. Evangelista diz que, em média, a instalação de painéis fotovoltaicos para a produção de mil kW, o que ocuparia cerca de 12 mil metros quadrados, custa, aproximadamente, R$ 5 milhões. O limite para o uso da geração distribuída por uma indústria é de 5 mil kW, exceto se for utilizada uma Central Geradora Hidrelétrica (CGH), o que faz esse número cair para 3 mil kW.
O coordenador do grupo temático de energia da Fiergs, Edilson Deitos, destaca que a geração distribuída é uma tendência mundial. O empresário atesta que, nesse primeiro momento, é possível perceber um enorme interesse dos segmentos residencial e comercial pela solução; no entanto, o dirigente prevê que o setor industrial, em breve, intensificará a procura por essa alternativa para diminuir sua conta de luz. O integrante da Fiergs comenta que, atualmente, ainda é tímida essa demanda, por causa do elevado aporte necessário para levar adiante a iniciativa. “Hoje, o setor industrial está descapitalizado e com dificuldades em obter linhas de crédito para investimentos a longo prazo”, admite.
Apesar disso, é evidente o crescimento do uso da geração distribuída. Evangelista cita, entre os fatores que contribuem para esse cenário, o know how adquirido, a demanda aquecida e a regulação do setor. Como vantagens desse tipo de geração, que ainda inclui a produção eólica, de biomassa e de pequenas hidrelétricas, o presidente da ABGD indica a economia e uma produção de energia mais próxima ao ponto de consumo, o que propicia um abastecimento mais eficiente. O grande destaque entre as fontes aproveitadas, pela facilidade de instalação de equipamentos e acesso à irradiação solar, é a fotovoltaica.
Atualmente, a capacidade instalada no Brasil para produzir energia solar é de cerca de 150 mil kWp e são em torno de 13,5 mil instalações registradas. O número de instalações na classe industrial representa apenas 2% do total, porém, em capacidade de geração, o percentual sobe para 11%. O tempo de retorno do investimento em um sistema fotovoltaico é estimado em cinco a oito anos. Evangelista e Deitos participaram ontem do Fórum de Geração Distribuída de Energia com Fontes Renováveis no Rio Grande do Sul – Tecnologia e Inovação, realizado na Fiergs.
Absolar tenta inclusão da fonte de geração no leilão A-6, programado para ocorrer em dezembro
Além da geração distribuída, outra forma da produção de energia fotovoltaica crescer no Brasil é vencendo leilões promovidos pelo governo federal, nos quais participam usinas de maior porte. Dois desses certames estão marcados para dezembro, e a fonte solar poderá inscrever-se em apenas um; contudo, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) quer mudar essa situação.
O presidente do Conselho da entidade, Nelson Colaferro, recorda que os projetos solares estão incluídos no leilão A-4 (quatro anos para serem concluídos), mas não no A-6 (seis anos para a finalização). De acordo com o dirigente, não há uma explicação técnica para a exclusão, e a Absolar está tentando incluir a fonte no segundo certame também.
e a questão dos leilões ainda será pauta de discussão, uma notícia comemorada pelo setor foi a informação dada recentemente pelo ministro das Cidades, Bruno Araújo, de que o governo está finalizando os últimos detalhes para assinar uma portaria que determinará a instalação de sistemas fotovoltaicos em residências tipo 1 (de menor valor) do Programa Minha Casa Minha Vida. Colaferro ressalta que estudo da Bnef (Bloomberg New Energy Finance) projeta que a fonte solar, que hoje tem uma participação praticamente irrisória, representará cerca de 32% da matriz elétrica nacional em 2040, com 126 mil MW. Será a maior participação, superando as hidrelétricas, que terão 29%. Quanto à capacidade instalada do mercado mundial, hoje, a potência estimada é de 305 mil MW, sendo que 75 mil MW foram acrescidos no ano passado. A China é a primeira do ranking nesse quesito, com 34,5 mil MW solares instalados.
O secretário estadual de Minas e Energia, Artur Lemos Júnior, enfatiza que o Rio Grande do Sul possui uma matriz diversificada, com um ótimo potencial de aproveitamento da geração distribuída, inclusive da produção solar. O dirigente lembra que o Grupo CEEE possui uma planta-piloto para esse tipo de geração, e, no espaço de 18 meses, a meta é colocar painéis fotovoltaicos em cima do Centro Administrativo, em Porto Alegre, que concentra uma série de secretarias estaduais.
Fonte: Jornal do Comércio (goo.gl/txD6sS)