São cada vez mais os estudos que mostram uma ligação entre os espaços verdes, a saúde e o bem-estar. As árvores filtram o ar, ajudando a remover as partículas finas emitidas pelos carros e fábricas, o que permite a quem vive perto delas respirar ar mais limpo. Para além disso, o arvoredo urbano também promove a redução do stress e arrefece os bairros nos dias de Verão.
Em 2017, um relatório do Instituto para a Política Ambiental Europeia revelou que quem vive perto de árvores e espaços verdes tem menos probabilidade de ser obeso, inativo ou de estar dependente de antidepressivos.
“Segundo outro estudo, publicado na revista cientifica Scientific Reports, quando há mais árvores num bairro, os moradores dizem sentir-se melhor e ter menos problemas de saúde.”
Para a realização deste estudo, os investigadores combinaram dados detalhados sobre a “floresta urbana” de Toronto, no Canadá, com mapas que mostravam o rendimento familiar por zona, assim como com as respostas de 31 mil habitantes locais a um inquérito sobre a sua saúde. O inquérito incluía questões sobre o historial clínico – prevalência de cancro, doenças cardíacas, diabetes, obesidade, entre outros problemas – e pedia-lhes que avaliassem o seu estado de saúde geral.
A equipa descobriu que a presença de mais 10 árvores, em média, num quarteirão melhorava a autopercepção do estado de saúde “de modo comparável a um aumento de 10 mil dólares no rendimento anual” ou a “ser-se sete anos mais novo”.nn“O ambiente em que vivemos tem um grande impacto na nossa percepção de bem-estar, mas também, objetivamente, no nosso estado de saúde”, declarou Lyle Palmer, diretor científico-executivo do estudo. “Temos de ter essa informação em conta quando fazemos o planeamento urbano.”
As descobertas não se limitaram à percepção que os participantes tinham da sua própria saúde. Para os problemas cardiometabólicos – uma categoria que inclui doenças cardíacas, diabetes, etc. –, o estudo descobriu que a adição de 11 árvores por bairro era “comparável a um aumento de 20 mil dólares no rendimento anual” ou a “ser-se 1,4 anos mais novo”.
De acordo com Omid Kardan, autor do trabalho, o estudo teve em conta fatores que podem afetar a saúde, como a idade, o rendimento familiar, o nível educacional e a dieta. Apesar da suposição de que uma família mais favorecida seria mais saudável, “parece que viver numa zona mais verde pode contrabalançar”, disse o investigador da Universidade de Chicago.
Os moradores também responderam a questões sobre problemas de saúde mental – como a depressão e a ansiedade – e outros problemas de saúde, como o cancro, enxaquecas, artrite ou asma. Contudo, os investigadores explicaram que a relação com os espaços verdes tinha sido inconclusiva.
Embora o estudo demonstre uma correlação entre as árvores e a saúde, não identifica definitivamente a relação de causa-efeito, ou seja, o mecanismo através do qual as árvores parecem melhorar a saúde.
Omid Kardan explica que, na vida real, “a maioria das coisas acontece em ambos os sentidos”. “Por exemplo, no nosso caso, poder-se-ia dizer que as árvores reduzem a poluição atmosférica, aliviam o stress e promovem o exercício físico. Através desses mecanismos, talvez estas pessoas fiquem mais saudáveis. Ou, provavelmente, são estas pessoas mais saudáveis, em comparação com outras com os mesmos rendimentos e tudo, que escolhem viver em zonas mais verdes. Por isso, é provavelmente uma combinação dos dois.”
“As pessoas têm negligenciado os benefícios psicológicos do ambiente”, defendeu Marc Berman. “Sentir-me-ia bastante confiante em dizer a um município para aumentar em 10 o número de árvores [por quarteirão].”
Fonte: The Uniplanet