O que você sabe sobre o que está vestindo? Talvez se lembre da loja em que a peça foi comprada, quanto custou, ou, se for um presente, talvez você se recorde da pessoa que lhe presenteou. Nada muito além disso. Você talvez não saiba a origem do material, da costura, da pessoa que confeccionou, da água e da energia gastas, do transporte que conduziu a peça da indústria para o cabide da loja, e do cabide da loja para seu armário. A moda é um eterno ciclo, uma constante rotação de estações, tendências, recursos econômicos e ambientais. Por isso, nesse emaranhado de informações que apenas uma peça de roupa gera, transparência passa a ser artigo de luxo.
Na Renner, rede de lojas de roupas que teve sua origem no Rio Grande do Sul, uma iniciativa lançada no ano passado busca detalhar na etiqueta das peças o seu caráter sustentável e sua busca pela redução do impacto ambiental. O selo Re, como foi chamado o instrumento de moda responsável, é uma forma que a rede encontrou de encapsular todas suas iniciativas de sustentabilidade, informando seus clientes sobre os fornecedores, material das peças, e até consumo de energia gasto para a confecção do produto.
Conforme explica o gerente sênior de Sustentabilidade da Lojas Renner, Eduardo Ferlauto, o selo Re tem a intenção de agrupar todas as iniciativas de sustentabilidade da empresa e passar essas informações para o consumidor final. Por exemplo, fios oriundos de reciclagem estarão discriminados no selo, assim como quando as peças tiverem algum tipo de certificação em relação a alguma substância química, também. “Todas as nossas construções que se propõem a reduzir impactos ambientais serão detalhadas”, dimensiona Ferlauto.
De maio de 2018 para cá, as roupas com o selo sustentável ganharam em escala, passaram a ocupar espaço em todas as unidades da rede, integradas nas coleções de marca própria, e também caíram no gosto dos consumidores. “Ano passado, conseguimos colocar cerca de 12 milhões de peças com o selo Re no cabide das lojas”, diz Ferlauto, demonstrando o fenômeno desse mercado preocupado com o meio ambiente.
Porém, para o sucesso devido das peças, a competitividade no preço entre as sustentáveis e as convencionais deve ser a mais tênue possível, o que foi um grande desafio, conforme explica o gerente sênior. “É uma inovação incremental, mas que requer bastante esforço nosso. Toda uma cadeia reversa precisou ser montada. A premissa sempre foi a de manter o mesmo nível de competitividade em termos de custo. E conseguimos isso com bastante êxito”.
O selo Re, porém, é só uma das iniciativas de caráter social da Renner. Entre as outras, o EcoEstilo é a principal existente dentro do Programa de Gestão de Resíduos Sólidos da Renner. A iniciativa permite que as pessoas se desfaçam adequadamente de suas peças de roupas após o uso, garantindo uma destinação ecologicamente correta a elas. O serviço, presente em todas as lojas da rede, recebe roupas em desuso e também embalagens e fracos da perfumaria, que incentiva a logística reversa.
Atualmente, a varejista disponibiliza 65 coletores em lojas distribuídas em 21 estados, em todas as regiões do Brasil. Desde 2017, 750 quilos de roupas foram arrecadados e tiveram o encaminhamento correto por meio da iniciativa. No caso da perfumaria, desde 2011, 160 toneladas de embalagens foram coletadas e levadas ao destino adequado.
Já o projeto Re Malha, um continuação do Re Jeans, renovado neste ano, que abrange agora mais um tipo tecido, promove uma nova linha de roupas oriundas de sobras de tecido dos fornecedores da empresa. “Isso mostra nosso comprometimento com a moda responsável. Buscamos incorporar cada vez mais essa mentalidade em nossas práticas internas, além de estender o conceito aos nossos fornecedores”, diz Ferlauto.
No ano passado, a Lojas Renner assumiu compromissos públicos relacionados à sustentabilidade, que devem ser adotados até 2021, alinhados com o entendimento desse valor enquanto pilar de atuação da companhia. São eles: ter 80% dos produtos feitos com matérias-primas e processos menos impactantes; utilizar algodão certificado em 100% de sua cadeia de fornecimento; ter 75% do consumo corporativo de energia proveniente de fontes renováveis; reduzir em 20% as emissões absolutas de gás carbônico (CO2) e ter 100% da cadeia nacional e internacional dos fornecedores de revenda com certificação socioambiental.
Fonte: Jornal do Comércio