É hora de uma análise sobre os principais movimentos da COP 28 em Dubai. Entre promessas ousadas e desafios persistentes, vamos destacar em cada tópico o que moldou este evento climático de importância global.
Fundo Climático e Compromissos Financeiros: Um Novo Capítulo na Solidariedade Climática
Logo no primeiro dia, o mundo testemunhou um passo histórico com a aprovação do Fundo Climático para países vulneráveis. Emoção e alívio permearam a atmosfera da COP quando os Emirados Árabes anunciaram uma contribuição inicial de US$ 100 milhões. Seguindo o exemplo, Alemanha, Japão e Reino Unido também abriram suas carteiras.
Relatórios Impactantes: Insights para um Futuro Sustentável
1. “De olho no metano: o caminho para a transparência radical”
O PNUMA lançou um relatório que destaca a tecnologia MARS (Sistema de Alerta e Resposta ao Metano) para monitoramento de emissões de metano, e também estabelece uma meta ambiciosa: reduzir as emissões globais de metano em 40% a 45% até 2030. Uma iniciativa que coloca a tecnologia a serviço da ação climática.
2. “Mantendo a cabeça fria: Como atender à demanda de resfriamento e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões”
Este relatório liderado pelo PNUMA e pela Coalizão para o Resfriamento oferece soluções sustentáveis para o setor de resfriamento, com o potencial de reduzir em 60% as emissões previstas para 2050. Uma visão abrangente que une eficiência energética, resfriamento passivo e redução de HFCs.
Energia em Transformação: Rumo a um Futuro sem Carbono
1. Redução Gradual das Usinas de Carvão pelos EUA
Os EUA, juntamente com outros membros da Powering Past Coal Alliance, assumiram um compromisso ousado de eliminar gradualmente as usinas de carvão até 2035. Embora sem datas específicas de desativação, esta promessa marca um avanço significativo na direção de um setor energético livre de carbono.
2. Carta de Descarbonização do Petróleo e do Gás
Cinquenta das principais empresas petrolíferas, incluindo gigantes como ExxonMobil, Aramco e Petrobras, firmaram um compromisso ousado com a Carta de Descarbonização do Petróleo e do Gás durante a COP28. O pacto visa tornar as operações neutras em carbono até 2050, encerrar a queima de gás até 2030 e reduzir as emissões de metano para quase zero. Apesar de se comprometerem com operações neutras em carbono até 2050, o pacto gerou críticas pela falta de compromissos concretos de redução na produção de petróleo e gás.
3. Plano Internacional de Fusão Nuclear pelos EUA
John Kerry, enviado especial dos EUA para o clima, lançou um plano de engajamento internacional para impulsionar a fusão nuclear. Envolvendo 35 países, esta iniciativa ambiciosa busca uma fonte de energia limpa e ilimitada, enfrentando os desafios técnicos e regulatórios associados à fusão nuclear.
Compromissos Globais: Uma Coalizão para um Futuro Sustentável
1. Compromissos para Energias Renováveis e Nucleares
Um grupo de 118 países, incluindo o Brasil, comprometeu-se a triplicar as capacidades de energias renováveis até 2030. Outros 20 países, liderados pela União Europeia e EUA, planejam triplicar a geração nuclear até 2050. Contudo, a ausência da China e Índia nesses compromissos levanta questionamentos sobre a verdadeira abrangência dessas ações.
2. Aliança Climática nas Indústrias de Laticínios
Um marco surpreendente foi alcançado quando seis gigantes do setor de laticínios, incluindo Kraft Heinz, Nestlé e Danone, se uniram para combater as emissões de metano. Este compromisso inovador marca uma mudança significativa, concentrando-se nas emissões na indústria de laticínios, até então pouco explorada em iniciativas climáticas.
BRASIL NA COP 28: O FUTURO SUSTENTÁVEL EM FOCO
1. Belém como Sede da COP 30
O documento final da COP 28, em Dubai, revela que o Brasil é indicado como sede da COP 30 em 2025, com Belém, no Pará, sendo a cidade candidata. A confirmação ocorreu ao término da COP 28. O Brasil formalizou sua candidatura por meio do grupo de países da América Latina, sendo a escolha de Belém anunciada pelo presidente Lula em janeiro. A COP 30 em Belém está programada para ocorrer de 10 a 21 de novembro de 2025. O antigo Aeroporto Brigadeiro Protásio Oliveira, em Belém, será transformado no Parque da Cidade para sediar o evento, com projetos ambientais e obras orçadas em R$ 390 milhões, a serem custeadas pela iniciativa privada na área de propriedade da União.
2. Fortalecimento de Parcerias no Ministério da Agricultura
O Ministério da Agricultura do Brasil avançou em parcerias globais durante a COP 28. Destaques incluem avanços nas conversações com o Banco Mundial sobre o programa de conversão de pastagens degradadas, o que gerou interesse em estabelecer uma linha de crédito em parceria com o Banco do Brasil para projetos de descarbonização. Outro ponto, foi o fortalecimento de laços com a Syngenta, empresa de tecnologias agrícolas.
3. Lançamento do Plano de Transformação Ecológica
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, anunciou o ambicioso Plano de Transformação Ecológica durante a COP 28. Com foco em bioeconomia, agricultura e infraestrutura sustentável, o plano visa posicionar o Brasil como um centro de economia verde. O plano inclui medidas como a criação de um mercado de carbono, emissão de títulos sustentáveis e revisão do Fundo Clima. Haddad também destacou avanços na redução do desmatamento na Amazônia e projetos de lei para hidrogênio verde e energia eólica offshore.