A crise sanitária despertou questões sobre o futuro da regionalização e dandistribuição de produtos que, até então, estavam atreladas a processosnglobalizados. De acordo com Cesar Meireles, diretor-presidente da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol), a tendência do cenário pós-pandemia é um novo desenho de mobilidade urbana, que inclui redução de deslocamentos. Nesse cenário, a questão da sustentabilidade ganha cada vez mais relevância no planejamento estratégico das empresas.
nEntre os operadores logísticos, as mudanças do ambiente de negócios convergem para um futuro com geração de renda a partir de processos mais sustentáveis. Os projetos de multimodais, que diminuem a emissão de CO², vêm ganhando força desde a greve geral dos caminhoneiros, em maio de 2018.
nDaniel Bueno Salcedo, gerente executivo comercial de mercado interno da Brado, diz que a malha ferroviária é uma alternativa sustentável mesmo para os pequenos varejistas, desde que haja planejamento da demanda. De acordo com Salcedo, um dos clientes do ramo de produtos de higiene e limpeza, com fábrica em São Paulo, contrata a Brado para levar mais de 70% da sua produção destinada a atacadistas e supermercados do Mato Grosso.
nSegundo Salcedo, até o fim do ano, a Brado lançará uma calculadora de CO² e de redução de riscos, fruto de um projeto desenvolvido com uma turma de MBA do Massachusetts Institute of Technology (MIT) neste semestre. Com o uso de inteligência artificial, a calculadora estará disponível no ambiente web para que os clientes da Brado possam ter uma noção do nível de redução das emissões de CO² ao optarem pelo trem em percursos de longa distância. A ferramenta também apresenta índices de redução de riscos de acidentes rodoviários alcançados quando transporte das cargas é feito por trilhos.
n“As ferrovias não são somente para grandes volumes. Um cliente pode contratar apenas um contêiner por mês, o que equivale a cerca de 25 toneladas de carga”, explica Salcedo.
nRonaldo Fernandes da Silva, presidente da FM Logistic do Brasil, diz que, em diversas reuniões com líderes de empresas do grupo presente em 14 países, os tópicos mais discutidos foram a regionalização e a sustentabilidade.
n“A distribuição urbana já fazia parte do nosso planejamento e agora se torna ainda mais essencial. Em grandes metrópoles, a tendência é aumentar a restrição para determinados portes e configurações de veículos. Temos que estar preparados para usar veículos verdes, menos poluentes. Na Europa essa questão é muito forte. Nas reuniões virtuais do grupo, os projetos envolvendo a sustentabilidade estão presentes em qualquer cenário de futuro”, afirma Silva.
Fonte: Valor Econômico