Há dez anos, a BM&F Bovespa lançou a primeira carteira de empresas listadas no ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial e aproximou os olhos dos investidores às práticas e resultados de sustentabilidade das companhias de capital aberto no Brasil. A iniciativa, tomada sem alarde, revelou-se um grande marco para a criação de um campo propício ao investimento socioambientalmente responsável e às boas práticas de sustentabilidade.
Desde que foi criado, o ISE permitiu aos investidores uma valorização significativa de suas ações. Quem aplicou R$ 100, por exemplo, na carteira teórica em 1o de novembro de 2005, viu esse valor alcançar um montante superior a R$ 240, uma valorização de 140% até fevereiro deste ano. Além disso, as ações que compõem o ISE apresentam risco de volatilidade 25% menor em comparação às demais. Ou seja, investidores e empresas ganharam ao apostar na sustentabilidade.
Esses avanços só são possíveis porque cada vez mais companhias vêm impulsionando suas práticas sustentáveis. Por exemplo, 83% das empresas listadas possuem política sobre mudanças climáticas aprovada pelo Conselho de Administração ou pela alta direção. Em 63% das companhias listadas os indicadores de sustentabilidade são acompanhados com a mesma frequência das informações financeiras. Já 77% das organizações incorporam requisitos ambientais no projeto de novos produtos/serviços, processos ou empreendimentos.
Comemore-se também a contínua evolução dos critérios do ISE, com apoio qualificado da FGV-Fundação Getúlio Vargas. Um exemplo foi a criação de uma dimensão para avaliar as práticas da gestão de carbono das empresas. Outro foi a transparência. Todas as empresas hoje podem optar por abrir as respostas dadas aos pontos de avaliação. Nesta 10a carteira, o número de empresas que autorizaram a abertura das respostas saltou de 22 para 34 e agora representa 85% do total.
Como participante ativo do ISE por meio da Braskem, listada desde sua primeira edição, posso testemunhar a importância deste movimento. É uma avaliação cada vez mais rigorosa e, ao mesmo tempo, um estímulo à evolução. Com o recente desenvolvimento de uma ferramenta que simula pontuação no ISE, é possível comparar-se com a média da carteira e com as melhores pontuações, permitindo o planejamento das empresas. É também um estímulo ver cada vez mais investidores voltando sua atenção para esse tipo de critério. A iniciativa “Princípios para Investimentos Responsáveis”, da ONU, já tem signatários cujos ativos chegam a US$ 45 trilhões.
Esse conjunto de informações significa que a sustentabilidade deixa o estágio conceitual e flui para o tangível. Isso é fundamental, pois seus desafios são enormes e não são apenas para os governos, mas também para a sociedade e as empresas. E as organizações que alinharem suas estratégias de negócios à superação desses desafios darão sua contribuição concreta ao desenvolvimento sustentável, fazendo bons negócios e valorizando suas ações.
*Jorge Soto é diretor de Desenvolvimento Sustentável da Braskem e doutor em Planejamento Ambiental pela COPPE/UFRJ
Fonte: Planeta sustentável (http://goo.gl/sWpz9r)