Com estratégias específicas para cada fábrica, Fiat e Jeep comemoram os resultados de suas ações de preservação do meio ambiente, conquistadas com tecnologia, engajamento dos funcionários e participação da comunidade.
Expoente da Indústria 4.0, o Polo Automotivo Fiat, em Betim (MG, Brasil), usa tecnologias como Realidade Virtual e Internet das Coisas para obter, mais do que eficiência nos processos produtivos, uma melhor gestão ambiental. Em três anos, a planta reduziu em 12% a quantidade de resíduos gerados, além de consumir 23% menos energia e 37% menos água para cada veículo produzido. Nos últimos dois anos, os recursos direcionados à gestão ambiental somaram R$ 96,6 milhões, incluindo ações de educação ambiental e desenvolvimento de novas tecnologias.
Na unidade de Prensas, a Realidade Virtual é utilizada para definir com mais precisão os recortes das chapas de aço, evitando desperdício. As sobras não são descartadas, mas encaminhadas, como retalhos nobres, para fornecedores utilizarem como matéria-prima para produção de peças menores da carroceria, como a tampa do tanque de combustível, por exemplo. O líder do pilar Meio Ambiente em Prensas, Marco Túlio Cruz, explica:
“Do total de aço consumido na unidade, 51% são efetivamente utilizados nas peças da carroceria e o restante é enviado para fornecedores, como matéria-prima em outros processos”.
Os resíduos gerados no Polo Automotivo Fiat são enviados à Ilha Ecológica da fábrica, que conta com uma equipe dedicada a gerenciá-los. Nada é enviado a aterros. De fato, o Polo Automotivo Fiat é a primeira fábrica do setor automotivo no Brasil a ter conquistado a meta do Aterro Zero. Desde 2011, 100% dos resíduos são reciclados ou reutilizados. Nos últimos cinco anos, sete mil toneladas de plástico e 9,4 mil toneladas de papel foram encaminhadas para reciclagem. A fábrica desenvolveu até mesmo uma inovadora técnica de reciclagem de isopor que reduz o volume do material em 50 vezes. A FCA trabalha com o princípio dos 5R: Recusar, Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Recuperar.
Já a Internet das Coisas tem hoje papel fundamental na redução do consumo de energia. Na Funilaria, um dos projetos é a modulação dos ventiladores da torre de refrigeração das pinças de solda, que antes funcionavam ininterruptamente e agora só são acionados quando necessário. Com isso, segundo o analista de Tecnologia de Processos da Funilaria, Paulo Carneiro, o consumo médio caiu de 88,26 para 21,88 KWh, uma queda de 75%. “Conectamos um inversor de frequência a um sensor de temperatura”, explica.
Projetos como esse são sugeridos pelos próprios funcionários, por meio do World Class Manufacturing (WCM), que é a metodologia focada na redução de perdas e no aumento da produtividade utilizada pela FCA em todo o mundo. Somente no ano passado, mais de 900 projetos foram desenvolvidos apenas para redução do consumo de energia elétrica na planta de Betim, um número três vezes maior que no ano anterior. Entre 2015 e 2018, a redução do consumo equivale ao abastecimento de mais de 16 mil residências com quatro moradores. E a meta é prosseguir neste caminho, claro.
A coordenadora de Meio Ambiente, Saúde e Segurança do Trabalho do Polo Automotivo Fiat, Flávia Vilas, conta que cada unidade operativa da fábrica possui espaços dedicados a experiências e práticas de gestão ambiental e energia:
“O objetivo é propiciar aos funcionários condições de explorarem oportunidades nunca antes percebidas, buscando soluções para o uso racional de energia, redução da geração de resíduos, entre outros aspectos ambientais.”
Em Pernambuco, no Polo Automotivo Jeep, a preservação acontece diretamente na mata. Ali, a fábrica de carros é, também, uma fábrica de mudas, produzidas para restaurar e preservar o bioma original da região: a Mata Atlântica. “Durante séculos, esta região foi dominada pelo cultivo de cana-de-açúcar, que substituiu a vegetação nativa”, conta Danubia Lima, coordenadora do Programa de Biodiversidade. Segundo Danubia, 174 espécies nativas da região do entorno da fábrica, no município de Goiana, foram identificadas em 2014 em parceria com as universidades federais de Pernambuco (UFPE) e Rural de Pernambuco (UFRPE), para dar início ao programa. Hoje, a Jeep comemora os resultados: cerca de 100 mil mudas de 295 espécies diferentes retomam sua área, restaurando a paisagem da Zona da Mata pernambucana.
E isso é só o começo. O viveiro da fábrica tem capacidade para produzir 88 mil mudas por ano. A meta é alcançar o plantio efetivo de 208 mil mudas até 2024, com a criação de 304 hectares de área verde e corredores ecológicos. “É um dos mais relevantes projetos de recuperação da Mata Atlântica em curso no país”, confirma Danubia. Os locais para o plantio são escolhidos de modo a formar corredores ecológicos capazes de conectar fragmentos florestais e atrair a fauna local. As máquinas fotográficas utilizadas para monitorar a fauna na região já captaram imagens de tamanduás e jaguatiricas, até mesmo acompanhadas de filhotes.
O diferencial desse programa é o envolvimento da comunidade. Mateiros como o Saberé são mobilizados para identificar e coletar sementes e frutos em remanescentes da Mata Atlântica da região, um trabalho essencial para recuperar o bioma. “Eu preservo o máximo que posso, como se as plantas fossem minhas filhas”, declara Saberé, que começa suas atividades às quatro horas da madrugada.
Para completar o trabalho, o programa também conta com visitas de alunos do 5º ano do Ensino Fundamental de escolas públicas do município ao viveiro, para experimentarem, na prática, o que aprendem na escola. Mais de 1,2 mil alunos já participaram. Todos são convidados a plantar mudas produzidas ali. E os professores e supervisores também passam por oficinas de capacitação.
Assim como o Polo Fiat, o Polo Jeep também destina 100% dos resíduos a reciclagem ou reúso. É a primeira planta do Nordeste brasileiro a ser Aterro Zero. Na região, esta conquista impulsionou o desenvolvimento da cadeia de reciclagem no entorno do Polo, gerando, com isso, oportunidades de novos negócios. Este é o caminho para o futuro.
Fonte: Draft