Estamos muito longe da meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais e evitar os piores riscos das mudanças climáticas, mas esse objetivo ainda é possível, de acordo com o mais recente relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC) – e essa esperança deve orientar as decisões político-econômicas desta década, segundo o WWF-Brasil.
Como os últimos relatórios do IPCC mostraram, esta década é decisiva para o clima. Em 2018, o Painel alertou que, para ter uma chance razoável de limitar o aquecimento a 1,5°C, governos e empresas precisavam reduzir as emissões de CO2 em 45% até 2030.
Ou seja, temos oito anos. O novo relatório do IPCC apresenta como o mundo pode agir para atingir os objetivos do Acordo de Paris: avalia métodos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e remover carbono da atmosfera.
Os desafios do mundo para atingir a neutralidade em carbono
Energias renováveis
Os gases de efeito estufa em todo o mundo são gerados majoritariamente pela queima de combustíveis fósseis para geração de energia. Por isso, o relatório do IPCC aponta a importância de um sistema global alimentado por energias limpas e renováveis. Isso significa que infraestruturas de combustíveis fósseis precisam ser gradualmente eliminadas, assim como os subsídios que mantêm a competitividade econômica dessas fontes de energia.
Mas, o relatório também destaca o potencial das atividades relacionadas à mudança do uso da terra para fornecer reduções e remoções em grande escala, ao mesmo tempo em que beneficiam a biodiversidade, a segurança alimentar, o fornecimento de materiais e outros serviços ecossistêmicos baseados na natureza.
E se a Amazônia fosse um país?
Este é um ponto importante para o Brasil, que tem no desmatamento e nas queimadas suas principais fontes de emissão de gases de efeito estufa. Mudanças no uso da terra responderam por quase metade (46%) das emissões brasileiras em 2020, segundo dados do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), do Observatório do Clima.
Os dados mostram que, se fosse um país, a Amazônia seria o nono maior emissor do mundo, ficando à frente da Alemanha, e o oitavo, à frente do Irã, se tivesse suas emissões somadas às do Cerrado, outro bioma sob forte pressão de desmatamento.
O IPCC também adverte que para cumprir as metas climáticas será preciso também remover o dióxido de carbono da atmosfera. Proteger e restaurar a natureza é fundamental – nossos ecossistemas e biomas são necessários para nos proteger de um mundo em aquecimento e, ao mesmo tempo, nos ajudar a absorver e armazenar carbono. As soluções baseadas na natureza podem ajudar a absorver e armazenar carbono, proteger as comunidades de eventos climáticos extremos e fornecer alimentos e meios de subsistência.
Brasil entre os mais vulneráveis às mudanças climáticas
Custo da ação x Custo da inação
Para isso, o dinheiro precisa parar de fluir para atividades destruidoras do clima e ser redirecionado para as soluções. Devemos investir e acelerar soluções baseadas na natureza, como a restauração de ecossistemas, para ajudar a proteger as comunidades e os biomas mais vulneráveis. O custo da ação é menor do que o custo da inação. Além disso, uma economia de baixo carbono também pode criar empregos mais duradouros, com mais equidade e melhor qualidade de vida para a sociedade brasileira.
Os cientistas dizem que ainda é possível atingir as metas de Paris desde que o mundo faça um grande aumento no esforço – que deve começar imediatamente, incluindo maior investimento financeiro e o dinheiro climático prometido pelos governos.
As políticas atuais, mesmo se bem-sucedidas, levariam a um aquecimento de 2,7°C ou mais até o final do século. Os atuais compromissos climáticos de emissões líquidas zero ainda produziriam um aquecimento de cerca de 2,2°C.
Fonte: Notícia Sustentável – Acessado em 04/04/2022