O Príncipe Harry, em parceria com a Booking.com, Ctrip, Skyscanner, TripAdvisor e Visa, lançou, em setembro deste ano, o projeto “Travalyst”, focado em fomentar o turismo sustentável e torna-lo popular. Dentre as ações almejadas pelo projeto, estão maneiras de informar o viajante sobre o grau de proteção animal de uma acomodação, destino ou passeio.
E se uma das perguntas mais corriqueiras da vida é “o que vestir?”, o Instituto Euromonitor sinaliza: marcas sustentáveis. De acordo com suas últimas pesquisas, os guarda-roupas das novas gerações estarão fechados para peças que não guardem conexão com práticas de responsabilidade ambiental e social.
Para surfar na mesma onda (quase literalmente), a estratégia global de preservação dos oceanos motivou a Adidas a patrocinar Gabriel Medina, em ação que reforça o louvável histórico da empresa na produção de 5 milhões de calçados tendo como base de confecção plásticos retirados de oceanos.
Fora da água e dentro das pistas, a Fórmula 1 anunciou, em novembro deste ano, um plano para zerar emissões de gás carbônico até 2030. As iniciativas vão além do desenvolvimento de motores híbridos para os carros, englobando também o compromisso com a redução de emissões advindas de logística do evento e funcionamento de oficinas e fábricas.
Dentre os gigantes da tecnologia, a mineração também foi acionada: a Apple divulgou, no último dia 5, que comprou o 1º lote comercial de alumínio advindo de produção sem carbono de uma joint venture entre 2 dos maiores fornecedores mundiais. Trata-se de resposta a demanda de consumidores e investidores para que mineradores demonstrem seus esforços na diminuição de seus impactos em mudanças climáticas.
As demandas de mercado são importantes molas propulsoras para melhorias e avanços nos processos produtivos, especialmente quando tais progressos repercutem diretamente na imagem e reputação dos players econômicos em conexão a práticas mais sustentáveis.
Lançando um olhar específico para a mineração, é possível perceber que o próprio ente regulador do setor se atentou para esta pauta.
A Agência Nacional de Mineração publicou, no último dia 4, sua Agenda Regulatória para o biênio 2020/2021. Em cumprimento ao comando contido na Lei Federal n. 13.848/2019, art. 21, a Agenda indica os temas prioritários a serem regulamentados pela Agência durante os próximos 2 anos.
O documento compreende 5 portfólios e reúne 21 temas selecionados a partir de consultas internas e externas (setor regulado inclusive) que foram submetidos à metodologia de priorização da matriz GUT (Gravidade/Urgência/Tendência).
No conteúdo contemplado pela Agenda, está o Eixo Temático da Sustentabilidade, reconhecido pela Agência Nacional de Mineração como pauta necessária a ser discutida pelo órgão regulador.
Em linha a esta percepção e em exemplo igualmente relevante acerca das demandas ao setor minerário por práticas sustentáveis, é importante destacar que, por exigência da Apple, o ouro utilizado pela empresa em seus produtos é fornecido por mineradores que não apenas trabalhem pela recuperação da área minerada, como também oportunizem melhorias a essas áreas. Nessa direção, a joalheria Tiffany & Co implementou a mesma exigência a mineradores fornecedores da empresa, notadamente focada na necessidade de recuperação ambiental das áreas mineradas.
Em fina sintonia com este movimento de mercado, o primeiro tema contemplado pelo Eixo de Sustentabilidade da Agenda Regulatória da ANM refere-se, justamente, ao fechamento de mina. Trata-se de temática extremamente sensível ao setor de mineração e em relação ao qual o regramento normativo, especialmente em esfera regulatória minerária, é escasso e lacunoso.
Ao lado do Fechamento de Mina, figuram 2 outros temas igualmente relevantes para o Portfólio regulatório de Sustentabilidade da ANM: (I) Garantias financeiras ou seguros para cobrir os riscos advindos da atividade de mineração e (II) Reaproveitamento de Rejeitos.
Muitos desafios descortinam-se para a mineração. É preciso aprimorar a governança, desenvolver soluções seguras e resgatar a percepção acerca da essencialidade de seu desenvolvimento. Contudo, não há como promover avanços sem que a sustentabilidade paute o crescimento do setor.
Se as forças de mercado impulsionam a integração de práticas sustentáveis aos setores de turismo, esportes e moda, a mineração igualmente caminha atenta a essa agenda.
No que diz respeito ao setor minerário, a pauta regulatória da ANM indica, com clareza, que neste próximo biênio, exigências normativas em prol da sustentabilidade na atividade de mineração se combinarão às demandas de mercado. Como resultado dessa equação, espera-se ganho para todos os envolvidos, sejam eles da presente ou da futura geração.
Fonte: JOTA