Uma novidade desenvolvida pela Universidade de Caxias do Sul (UCS) pode baratear o processo de despoluição de efluentes industriais para as indústrias têxtil e papeleira. A área de Biotecnologia da UCS recebeu recentemente a carta-patente de uma tecnologia ecológica que contribui diretamente no processo. A substância, além de ser natural, pode ser empregada como material antipoluente e também é utilizável na produção do papel.
Em resumo, a pesquisa detectou que a adição de diferentes concentrações de metais durante o cultivo sólido do fungo Pleurotus sajor caju, uma espécie de cogumelo comestível comum na natureza, superpotencializa a produção de enzimas lacases e manganês peroxidases (MnP). Segundo o coordenador da pesquisa e do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da UCS, Aldo Dillon, com isso a universidade barateou o desenvolvimento da enzima, que destrói os poluentes presentes nos efluentes. Assim, é possível produzir uma substância despoluidora de forma mais econômica, o que deve impactar diretamente no tratamento de efluentes dos setores papeleiro e têxtil.
“Se trabalha muito pouco com a questão da despoluição, porque isso não traz dinheiro. As empresas enxergam como ônus. O que os nossos resultados mostram é que é possível baratear esses processos, produzindo uma quantidade maior de enzimas do que está descrito atualmente na literatura”, explica Dillon. Na indústria têxtil, por exemplo, de 10 a 15% dos corantes não são fixados durante o tingimento e passam a ser componentes dos efluentes.
Para o pesquisador, a compromisso da biotecnologia não é só ajudar no desenvolvimento de produtos, mas resolver problemas gerados pela tecnologia. “Nós vemos como obrigação da área dispor ao mercado esse tipo de tecnologia”, defende.
A certificação do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) dá a patente à UCS, que fica autorizada a repassar, para qualquer empresa interessada em produzir em escala industrial, o know-how para o desenvolvimento das substâncias com emprego como material antipoluente e também utilizáveis na produção do papel.
O material foi desenvolvido a partir de trabalhos realizados pelos professores Aldo Dillon, como orientador, Stela Maris da Silva, então doutoranda, e Letícia Osório da Rosa, à época estudante de Biologia e hoje doutoranda em Biotecnologia.
Fonte: Jornal do Comércio (goo.gl/ddOwgo)