Empresas com Certificação do Sistema B no Brasil: o que você precisa saber sobre o movimento que está mudando os nHá algum tempo, era comum ouvir que a principal função de uma empresa era gerar lucro para seus acionistas. Essa visão, embora ainda presente em muitos modelos de negócio, vem sendo cada vez mais desafiada. No Brasil, um movimento em especial tem chamado atenção por propor uma nova lógica empresarial: o das Empresas com Certificação do Sistema B.
Você já ouviu falar nelas?
As Empresas B (ou Empresas com Certificação do Sistema B) são aquelas que assumem, de forma voluntária, o compromisso de equilibrar resultados financeiros com impacto socioambiental positivo. Não se trata de um selo qualquer, mas de uma certificação internacionalmente reconhecida, com critérios rígidos e uma filosofia por trás: colocar o propósito no centro da estratégia de negócios.
O que está por trás desse crescimento?
Em 2023, o número de Empresas B no Brasil cresceu 46%, alcançando 360 organizações certificadas até o fim do ano. O dado é expressivo principalmente quando se entende que o processo de certificação exige tempo, dados concretos e muita disposição para rever práticas internas.
Esse avanço não é isolado. Faz parte de um amadurecimento do ecossistema de impacto no país, impulsionado por uma nova geração de líderes e consumidores mais atentos a temas como mudanças climáticas, desigualdades sociais e governança ética.
Vale lembrar que o Sistema B é uma certificação, criada nos Estados Unidos, e já reúne mais de 8 mil empresas em mais de 90 países. Aqui no Brasil, empresas como a Natura, já carregam esse selo, mas o mais interessante é que não são apenas grandes empresas que fazem parte do movimento. Negócios de pequeno e médio porte, de diferentes regiões e setores, também estão aderindo, provando que o impacto positivo não depende de tamanho, mas de intenção e coerência.
Muito além do marketing
Para algumas pessoas, pode parecer mais uma tendência passageira ou um recurso de marketing verde. Mas quem já passou pelo processo de certificação garante: ser uma Empresa B exige mudanças reais.
É preciso medir e melhorar o desempenho em cinco áreas: governança, trabalhadores, meio ambiente, comunidade e clientes por meio de um questionário robusto, conhecido como B Impact Assessment. Além disso, a empresa deve alterar seu contrato social, assumindo legalmente o compromisso com a geração de impacto positivo, algo que muda inclusive a lógica de tomada de decisão dos gestores.
Ou seja, é um caminho sem volta no bom sentido. Empresas que entram nesse universo relatam ganhos em reputação, engajamento interno, acesso a capital e diferenciação no mercado. Em um cenário onde ESG deixou de ser diferencial para se tornar requisito, estar à frente pode ser uma vantagem competitiva importante.
Redes, diversidade e novos territórios
Outro fator que explica o avanço do Sistema B no Brasil é a força das redes. Iniciativas como a Comunidade B Amazônia e a Rede B Mulher mostram que o movimento está atento às especificidades locais e à diversidade de atores.
Essas redes permitem que empresas compartilhem desafios, troquem experiências e se fortaleçam coletivamente. Não é apenas sobre ser uma empresa melhor, mas sobre construir, juntas, um novo modelo econômico.
Para onde vamos?
Fato é: as Empresas B ainda são minoria, mas vêm ganhando força com consistência. O que antes parecia utopia, hoje se mostra uma rota estratégica possível e necessária.
Mais do que vender um produto ou serviço, essas organizações estão propondo uma mudança de paradigma: repensar o papel da empresa na sociedade. E isso tem tudo a ver com o futuro dos negócios.
O desafio, daqui em diante, será ampliar o impacto sem perder a essência. Levar o modelo para mais regiões, mais setores, mais histórias. Porque, no fim das contas, o que está em jogo não é apenas um selo: é o tipo de mundo que queremos construir.