Em painel o Fórum Econômico Mundial, executivos discutiram a importância de construir empresas que pensam além do lucro (e que não fazem isso por marketing)
Sim, as empresas precisam entregar resultados financeiros. Então por que há atualmente uma onda de negócios buscando mostrar que têm um propósito além da busca por lucro? Para Karina Saade, COO para América Latina da BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, a resposta é clara: empresas com propósito têm melhores resultados financeiros no longo prazo. “A Blackrock é um grande investidora, temos várias empresas no portfólio, mas nossa pesquisa mostra que empresas com propósito claro têm uma vantagem competitiva”, disse durante o painel “Liderando Negócios com Propósito”, no Fórum Econômico Mundial na América Latina, realizado em São Paulo nesta quarta-feira (14/03).
No mercado de trabalho, essas empresas são mais eficazes em atrair os melhores talentos, em motivar seus funcionários e em retê-los na companhia. “Também são as melhores empresas em alinhar a estratégia de longo prazo entre a gerência da companhia e os acionistas”, afirma. Para Karina, a consistência na entrega de resultados é mais importante do que o desempenho no curto prazo. E quando a direção da empresa tem uma estratégia de longo prazo ligada ao propósito, o desempenho, trimestre a trimestre, é mais consistente, diz ela. “Não há conflito entre maximizar valor e ter propósito”, afirma.
Presente no painel, Gonzalo Muñoz, cofundador e CEO da TriCiclos, explicou que sua empresa faz parte do Sistema B (B-Corp), movimento que certifica empresas que valorizam – além do lucro – sustentabilidade e ações de impacto social, entre outros fatores. Manter-se com estes princípios não é uma tarefa fácil, afirma Muñoz. “Há muitos incentivos para pensar apenas no curto prazo e a cultura de que é preciso sempre maximizar os lucros em vez de minimizar o impacto social e ambiental precisa mudar”.
Questionado sobre uma possível mudança do propósito da Nestlé nos últimos anos, Paul Bulcke, presidente do conselho da empresa, respondeu que ela não existiu. “Quando uma empresa é inspirada em um propósito decente e em valores, tem que ter um resultado positivo no mundo”, afirmou. Segundo ele, a empresa trabalha hoje para articular algo que sempre esteve por trás de suas ações: a busca por melhorar a qualidade de vida pela nutrição. A única coisa que mudou, afirma, foi a forma de fazer isso.
Luíza Helena Trajano, concordou que o propósito de uma empresa não muda. “Desde o começo da Magazine Luiza, o propósito era gerar emprego para a família. Hoje, é sobre gerar empregos”, diz ela, afirmando se orgulhar por a empresa ter sido a primeira do segmento de varejo a ser escolhida como o melhor lugar para se trabalhar. “A gente não vê sentido se não ajudar a sociedade. Minha luta sempre foi contra essa história de buscar lucro a qualquer custo”, afirma.
Fonte: Época Negócios (goo.gl/bR6wQa)